Um dos grandes problemas recorrentemente apontados hoje no Brasil refere-se a carências educacionais, em especial, dos jovens. Os indicadores de educação apontam melhorias, mas ainda há a necessidade de esforços em vários sentidos. No que se refere ao ensino fundamental, por exemplo, a taxa de aprovação ainda está em 86,3%, e a taxa de abandono escolar durante o ano letivo é de 3,2%.
O Município de Porto Alegre possui uma taxa de aprovação de 82,3% no ensino fundamental (2011), menor, portanto, do que a brasileira. Mas, de acordo com os dados disponibilizados pelo Observatório da Cidade de Porto Alegre, quando desagregada por regiões (Regiões Administrativas do Orçamento Participativo de Porto Alegre), essa taxa varia de 89,6% na Região Noroeste a 72,7% na Região Ilhas. Quanto às taxas de abandono escolar nesse nível de ensino, o Município tem uma taxa de 1,3%, sendo que, na Região Noroeste, esse indicador cai para 0,54% e, na Região Ilhas, alcança 6,8%. A região melhor colocada, a Noroeste, engloba os bairros Boa Vista, Cristo Redentor, Higienópolis, Jardim Floresta, Jardim Itu, Jardim Lindoia, Jardim São Pedro, Passo D’Areia, Santa Maria Goretti, São João, São Sebastião e Vila Ipiranga. Ainda que não seja a região mais abastada de Porto Alegre, o rendimento médio mensal dos domicílios aí situados era, em 2000, de 12,3 salários mínimos (a região com indicador de renda domiciliar mais elevado era a Centro, com 16,8 salários mínimos). Na região com os piores indicadores de aprovação e abandono escolar, o rendimento médio cai para 3,2 salários mínimos. Alguns dos fatores que favorecem a ocorrência da repetência, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, Texto para Discussão, 1.814) são: ocorrência prévia de repetência, baixa qualidade da infraestrutura escolar, natureza administrativa da escola (rede pública), grande número de pessoas no domicílio e baixo nível de educação dos pais, todos eles relacionados a baixas condições socioeconômicas.
Tendo em vista esse quadro, muitos pesquisadores têm destacado a importância do apoio governamental através de programas e ações como o Programa Bolsa Família (PBF), para estimular a presença de crianças e jovens pobres na escola, assim como para melhorar o seu desempenho, através da transferência de renda e da exigência de condicionalidades. Os resultados das pesquisas indicam que os beneficiários do Programa cursando o ensino fundamental apresentam uma taxa de abandono inferior à média nacional e uma taxa de aprovação semelhante (apenas ligeiramente inferior) à média no País. Já no ensino médio, as taxas de aprovação e de abandono dos beneficiários alcançam melhores resultados do que aqueles observados para a média do País. Além disso, o Programa tem conseguido reduzir o trabalho infantil. Assim, espera-se que, no futuro próximo, os indicadores educacionais dos bairros que concentram a população mais vulnerável e, portanto, beneficiária de programas sociais como o PBF, apresentem resultados mais positivos, indicando melhores chances para a sua inserção produtiva.